quarta-feira, novembro 29, 2006

Tributo particular aos anos 90 (parte I)


oK, oK... mE informa a história que os Pixies começaram a existir em 1986, em Boston. O vocalista/guitarrista Charles Thompsom (ou Black Francis) se junta a Joey Santiago (guitarra); depois convidam Kim Deal (baixo), que chama David Lovering(bateria).

O caminho óbvio na terra onde a indústria cultural tem grana de sobra pra bancar a molecada que surge nas garagens: shows no underground local, olho vivo de um produtor (Gary Smith) e a gravação de uma demo ("Purple Tape"). Em 1987 lançam o EP "Come On Pilgrim", pela 4AD Records.

Em 1988, Steve Albini produz o primeiro album: "Surfer Rosa" -- uma porrada simultaneamente raivosa e melódica, liquidificando punk, música latina, hardcore, surf music e riffs de baixo e guitarra que pavimentam a estrada indie que marcaria a década seguinte. Nesse sentido,"Gigantic" e "Where is my mind?" surgem como hipnóticos mantras para a geração das blusas de flanela.(Vale abrir o parêntese pra lembrar da antológica cena final de "Clube da Luta"... Pixies caindo como uma luva ali, não?).

No ano seguinte, "Doolitle",na minha opinião melhor "no conjunto da obra". Contudo, não passa do prolongamento inspiradíssimo de "Surfer Rosa", sem qualquer superioridade estética. Decreto empate. E talvez seu valor maior seja o de ter projetado a banda com hits como "Here Comes Your Man" e ter funcionado como um daqueles discos do final dos 80 que marcaram época(aí também coloco o "Daydreamnation", do S.Youth, e o "Bleach", do Nirvana... entre outros).

Tudo bem... "Oficialmente" os anos 90 começam em 1990. E,pra completar, os Pixies dão uma parada no início dessa década, tocando projetos paralelos, com destaque para The Breeders, da baixista Kim Deal, que considero melhor do que a irregular carreira solo de Black Fancis (depois, Frank Black).

Mas não era o fim ainda. Em meados de 1990 eles soltam o terceiro: "Bossanova". Em 91, o quarto e último: "Trompe le Monde". Não há como negar que são bons discos, com algumas músicas ótimas (como a versão para um som do Jesus & Mary Chain, "Head On"). Mas, "no conjunto", são álbuns que não igualam os dois anteriores, talvez já evidenciando o iminente rompimento, que se dá ironicamente antes mesmo que a década "engrene".

Porém não vejo isso como um defeito. Pelo contrário, vejo aí a qualidade dos Pixies: sintetizar numa carreira rápida (não contando a volta recente) o que viria a marcar a música rock-pop dos 90.

(No caso do rock, muitas vezes é melhor detonar logo uma banda antes de detonar a reputação. Mas isso é outra história...)

Por tudo isso, neste meu tributo aos anos 90, coloco os Pixies como uma daquelas bandas de transição, que já antecipam tendências futuras. O que nos faz concluir que as periodizações são mesmo arbitrárias, subjetivas, e que uma atenção aos momentos de transição, às margens, quase sempre revela o que há de melhor.

Então, vá lá: Pixies inaugura este meu "tributo subjetivo" a uma década que marca minha própria transição... da fedelhice à idade "adulta" (diga-se, sempre atrasada mentalmente uns 10 anos... ;=P).

Três videozinhos bacaninhas, uma letrinha maneirinha e um disco que resume bem o que significou o "fenômeno" Pixies.


Mais info:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pixies

http://www.pixiesmusic.com


Download "Live BBC"


Hey (do disco "Doolittle")

Hey
Been trying to meet you
Hey
Must be a devil between us
Or whores in my head
Whores at my door
Whores in my bed
But hey
Where
Have you
Been if you go I will surely die
We're chained

Uh said the man to the lady
Uh said the lady to the man she adored
And the whores like a choir
Go uh all night
And mary ain't you tired of this
Uh
Is
The
Sound
That the mother makes when the baby breaks
We're chained

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The Pixies : Where Is My Mind (1988)

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The Pixies - Hey (Live)

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sábado, novembro 18, 2006


I.

ato
festa
fato

ato
ação
em festa

infesta
em
festa-ação

ação manifesta

manifestação.


II.

"Todos somos Oaxaca"... de novo.

Uma mani-festa-ação em favor da luta em Oaxaca e contra a repressão oficial.

Sombreros, tequilas, malabares, piquenique-intervenção, guaca mole, música mexicana e Speed Gonzales.

Ai, caramba!


III. (chamada)

"Atenção compas!!!

No dia 21/11, terça-feira às 10h, será realizado um protesto pró-Oaxaca
em frente ao consulado Mexicano na Praia de Botafogo, 242/301,
Botafogo.(quem vem de metrô, descer na estação flamengo ou botafogo,
não tem erro).

Para quem desconhece o assunto, Oaxaca vive dias de convulsão social,
com um ativo movimento social que está sofrendo uma brutal repressão
do governo mexicano (mais informações em
http://www.midiaindependente.org).

Na verdade será uma festa pró-Oaxaca, celebrando a autonomia e a
resistência da APPO(Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca), por isso
levem seus instrumentos musicais, suas fantasias, latas, apitos e tudo
mais que possa contribuir para o fortalecimento da rede internacional
em solidariedade à Oaxaca!!!

O ato está sendo puxado por diversos grupos e ativistas!! A
participação de todos é fundamental!!!


Solidariedade obrera anti-capitalista já!!!!!"


IV. (textos sobre Oaxaca)


1.

DA INICIO EL CONGRESO CONSTITUTIVO DE LA APPO.
Oaxaca, Ciudad de la rebeldía, a 11 de noviembre de 2006.

Desde muy temprana hora, cientos de personas se dieron citas en las afueras del Hotel del Magisterio, jóvenes y ancianos de las barricadas, de las colonias y pueblos de Oaxaca rodeaban el hotel del Magisterio para cuidar que los trabajos del Congreso Constitutivo se desarrollaran con toda tranquilidad, para cuidar a sus delegados que democráticamente electos en barrios, agencias, núcleos ejidales, municipios, sindicatos, colonias, organizaciones, barricadas llevarían sus voces al Congreso.

La PFP se encuentra a pocas cuadras de donde se desarrolla el Congreso, expectante… sin embargo el pueblo de Oaxaca ha demostrado que así como puede ser prudente y pacifista, tambien es valiente, decidido y aguerrido, seguramente lo están pensando dos veces. Pero por si acaso Juan Vásquez integrante de una barricada lleva consigo su resortera de largo alcance.
Gran parte del día se ocupo para el registro de delegados, invitados y prensa. El Congreso dio inicio con la participación de mas de un Millar de delegados efectivos, a través de los cuales se encontraban representados las 7 regiones de nuestros estado, así como todos los sectores sociales; jóvenes, mujeres, campesinos, trabajadores, comerciantes, autoridades municipales, organizaciones, barricadas, colonias, ONG’S de Derechos Humanos.

A traves de un proceso de elección democrática el día de ayer, viernes 10 de noviembre, se procedio a elegir la mesa de debates. El día de Hoy, esta iniciando la Conferencia Magistral a cargo de Carlos Fazio: La ultraderecha en México. Al terminar, se instalaran tres mesas de trabajo:

MESA 1.-ANÁLISIS DEL CONTEXTO INTERNACIONAL, NACIONAL Y ESTATAL.

MESA 2.-CRISIS DE LAS INSTITUCIONES
a) Reforma integral en el Estado Libre y Soberano de Oaxaca.
b) Nuevo gobierno.
c) Nuevo Constituyente.
d) Nueva Constitución.

MESA 3.- LA ASAMBLEA POPULAR DE LOS PUEBLOS DE OAXACA:
a) Perspectivas
b) Declaración de Principios, Estatutos y Propósitos.
c) Programa.
d) Plan de acción a corto, mediano y largo plazo.

A lo largo del día continuaran arribando delegados de todas las regiones. El congreso Constitutivo de la APPO va, se ha instalado en las mismas narices de los policias-violadores y esta constituyendo el germen de la democracia popular.

TODO EL PODER AL PUEBLO

ASAMBLEA POPULAR DE LOS PUEBLOS DE OAXACA

PD. Se reciben saludos al Congreso en el siguiente mail: medios_appo@yahoo.com.mx


2.

"Entenda o que está acontecendo em Oaxaca" (CMI)


"O Estado de Oaxaca, no México, vive dias de insurreição pacífica e organização popular. Em contrapartida, também é o cenário de um estado de violência e repressão política, que já resultou em muitos feridos,mortos,desaparecidos e presos políticos.

O início deste processo data de 22 de maio, durante manifestações de professores que exigiam aumentos salariais, entre elas uma marcha de 70 mil pessoas. Em resposta à reivindicação da categoria, o governador Ulises Ruiz adotou a tática da repressão contra os professores, causando imensa indignação no povo de Oaxaca. Camponeses e indígenas aderiram aos protestos e formaram a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), exigindo a destituição de Ulises.

E não parou por aí, a APPO reivindica que Oaxaca seja gerida pelo próprio povo, através de assembléias populares. A repressão só aumenta a cada dia,tendo assassinado muitas pessoas, entre elas Brad Will, jornalista do Centro de Mídia Independente (CMI). O presidente mexicano Vicente Fox e o governador Ulises Ruiz estão dispostos a acabar com o movimento popular de Oaxaca com mais violência, enviando soldados para o Estado.

Desde a entrada da Polícia Federal mexicana para acabar com o conflito,no último fim de semana de outubro, inúmeras manifestações nas mais variadas cidades do mundo tem acontecido em solidariedade ao povo de Oaxaca.

Aqui no Rio, a manifestação no dia primeiro de novembro foi brutalmente reprimida pela Polícia Militar.

As mobilizações no México e no mundo continuam intensas e uma greve geral foi chamada para o dia 20 de novembro pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional. Aqui estamos, como em outras muitas cidades,prestando nossa solidariedade ao povo mexicano e pressionando o Cônsul Geral do México no Rio de Janeiro para que as demandas da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca sejam imediatamente atendidas e que a Polícia Federal saia de Oaxaca, assim como os paramilitares pagos pelo governo de Ulises Ruiz.

Para mais informações e notícias do desenrolar dos acontecimentos no México e das manifestações ao redor do mundo, acesse:

*Centro de Mídia Independente - Brasil http://www.midiaindependente.org
*Centro de Mídia Independente - Chiapas (mex)
http://chiapas.indymedia.org
*Centro de Mídia Independente - Oaxaca (mex)
http://mexico.indymedia.org/Oaxaca
*Centro de Medios Libres (mex) http://vientos.info/cml
*Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca
http://www.asambleapopulardeoaxaca.com

Rebeldia, Dignidade e Solidariedade!
Democracia, Justiça e Liberdade!"

V. (provocar é preciso... viver não é preciso)

1.

"PROVO é alguma coisa contra o capitalismo, o comunismo, o fascismo, a burocracia, o militarismo, o profissionalismo, o dogmatismo e o autoritarismo.
[...]
PROVO incita à resistência onde quer que seja possível.
PROVO tem consciência de que no final perderá, mas não pode deixar escapar a ocasião de cumprir ao menos uma qüinquagésima e sincera tentativa de provocar a sociedade.
PROVO considera a anarquia como uma fonte de inspiração para a resistência.
PROVO quer devolver vida à anarquia e ensiná-la aos jovens.
[...]
Posto isso, dizemos: nunca transfiram para outros o seu poder!"

(Manifesto do grupo Provo, de 1965, citado em GUARNACCIA, Matteo. Provos: Amsterdam e o nascimento da contracultura. São Paulo: Conrad, Coleção Baderna, 2001, pp.15-16)

2.

"[Se o sistema econômico do terror, em seu processo de destruição e de autodestruição, já não pode ser detido, continua ainda válido o mote da Teoria Crítica: não se deixar transformar em um imbecil por conta de sua própria impotência. Sob as circunstâncias dadas isso pode apenas significar: rechaçar qualquer responsabilidade pela 'economia de mercado e pela democracia', trabalhar apenas 'o minimamente necessário' e sabotar a empresa capitalista, onde quer que isso seja possível. Mesmo que um número pequeno de pessoas consiga colocar-se a uma nova distância interna do processo de desintegração do capitalismo: é sempre melhor tornar-se um emigrante dentro de seu próprio país que embarcar no discurso plástico da política democrática. Os pensamentos são livres mesmo quando nada mais for livre] - Robert Kurz"

"[Os que falam de revolução e de luta de classes sem se referirem explicitamente à vida quotidiana, sem compreenderem o que há de subversivo no amor e de positivo na recusa dos constrangimentos, esses trazem na boca um cadáver] - Raoul Vaneigem"

[as duas últimas citações respeitosamente "roubadas" de "Um Grito de Recusa-e-Desejo" (http://www.anarchia.blogspot.com/)]

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quinta-feira, novembro 16, 2006

Protesto em frente a residência de idosa pistoleira

Detalhe para a "filosofia" da classe média carioca, sintetizada pela senhora de verde.

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quinta-feira, novembro 02, 2006



((((Uma visão sobre a manifestação em frente ao consulado do México [RJ])))

Cerca de 80 pessoas se manifestaram na quarta (1/11), em frente ao Consulado do México, no Rio de Janeiro. Era uma militância heterogênea, unida para solidarizar com a luta da APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca), no México, e contra as violências praticadas pelo Estado mexicano e seus grupos de apoio, que já mataram, feriram e prenderam vários manifestantes. [Aqui uma lista preliminar: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/11/364036.shtml].

De protesto pacífico, o ato no Rio tomou contornos tensos quando um policial militar agrediu manifestantes com um cassetete e disparou rajadas de gás de pimenta, de modo irracional, sem que ninguém houvesse provocado. A chegada de mais um efetivo da PM não esmoreceu o ânimo d@s presentes, que permaneceram protestando até conseguir entregar uma carta de repúdio ao governo mexicano.

A convocação do ato foi em caráter de urgência, possível em grande medida pela troca de informações em listas de e-mail e pela home page do Centro de Mídia Independente, que vem constantemente dando informações sobre a cidade de Oaxaca. No dia 27/10 um jornalista-voluntário do Indimedya, Brad Will, fora morto por paramilitares quando filmava detrás de uma barricada. Esse também foi um dos fatores que desencadearam manifestações em vários cantos do planeta e que chegaram também ao Brasil. Todavia, o que move o apoio mútuo global é claramente a causa da APPO e a luta autônoma dos povos oprimidos, pela renúncia do governador Ruiz e contra a investida das forças federais.

@s militantes começaram a chegar perto das 11h. Um carro de som mantinha um microfone aberto para a leitura de manifestos, declarações e testemunhos sobre a situação em Oaxaca. Panelas, apitos e gritos procuravam chamar a atenção do cônsul Juan Andrés Ordoñez Gómez para que ele descesse e viesse receber uma carta d@s manifestantes, além de prestar esclarecimentos sobre os atos arbitrários do governo que representa. Pneus foram queimados, faixas estendidas, pichações realizadas e gritos entoados pela multidão: "Desce,desce, desce..." ou "abajo, abajo, abajo...", pedindo a presença do diplomata.

Alguns/mas transeuntes paravam para prestar apoio, ler o que diziam as faixas e, sobretudo, saber o que era aquilo. Muit@s nada sabiam do que se tratava, pois a mídia corporativa vem ignorando Oaxaca há algum tempo. Quando sai alguma coisa, impera o discurso-padrão: os manifestantes taxados de "radicais" e a ação do governo tida como "dentro da lei", "em consonância com a Carta Magna".

Como resposta aos apelos, o consulado mandou seguranças, que vinham falar com os ativistas, sempre na ânsia de encontrar "um líder". No entanto, tiveram de negociar com vários que os cercaram (pacificamente) para ouvir e também falar. O cônsul não cedeu, pedindo a subida apenas dos "líderes". Os grupos manifestantes puseram a proposta em discussão, numa rápida assembléia que se formou, decidindo por continuar a pressão pacífica para que o cônsul recebesse a carta e conversasse com os presentes.

Nada feito. Escondidos num andar de cortinas fechadas, os representantes do Estado mexicano lançaram mão da mesma ferramenta que seus superiores vêm utilizando em Oaxaca: clamar ao seu direito à violência chamando a polícia. O PM de nome Galvão, que parece ter surgido "do nada", resolveu encarnar esse "direito à violência" sozinho, zunindo seu cassetete e jogando gás de pimenta no rosto d@s ativistas.

##A lei da ação e da reação##

A atitude do policial despertou uma indignação justificável entre @s manifestantes (ação >> reação). A maioria vaiou, xingou e alguns/as partiram para cima do "herói da lei". Outr@s danificaram o portão do consulado. O policial correu para dentro do prédio, ficando literalmente enjaulado, vendo a multidão bater no portão e bombardeá-lo com as únicas armas que tinham: as palavras (ele, ao contrário, portava um fuzil e soltava um rizinho irônico).

Os gritos anteriores,dirigidos ao governo mexicano e a suas forças de repressão, acabaram se ajustando bem a nossa realidade: palavras como "assassinos" e "covardes" caem como luva para os policiais do Brasil (se há exceções, nem arranham "a regra"...). O cordão de solidariedade que liga povos de toda a América em suas lutas sociais, da APPO ao MST, dos piqueteros argentinos
aos indígenas da Bolívia, do EZLN aos sem-teto brasileiros, sofre a mesma agressão que une as elites do continente para a manutenção da lógica neoliberal. Nesse sentido, a repressão da polícia local se ermana com a das tropas federais que agridem Oaxaca. O discurso é o mesmo: "preservação da ordem e da segurança". Palavras vagas que mal escondem o verdadeiro pavor dos tecnocratas da ordem vigente: a consciência autônoma se espraiando pela maioria da população e a exigência por democracia direta ganhando as ruas.

A irracionalidade daquele policial demonstra o quanto a PM carioca (e de todo o país) está preparada para lidar com manifestações pacíficas e legítimas. Da mesma forma, evidencia como a lógica do poder é capilarmente repassada aos seus tentáculos mais cotidianos (micro-poderes...). Seguindo a receita do Estado, a instituição PM e seus sujeitos/agentes criminalizam quaisquer tipos de movimentos sociais e tratam tudo numa linguagem que dominam bem: a repressão. Naquela ensolarada tarde de novembro, as "ameaças à ordem" eram representadas por jovens, estudantes (alguns/as até do ensino fundamental, que se juntaram ao ato), senhor@s e até mesmo transeuntes (entre el@s algumas crianças) que poderiam ter se machucado mais seriamente -- e que, antes, passavam normalmente enquanto a manifestação se desenrolava.

Dos minutos de fúria indignada dos manifestantes até a chegada do reforço de PM's, a situação caiu num impasse e o objetivo do ato não foi alcançado -- fazer com que o cônsul descesse. Já que a "autoridade" consular preferiu chamar a polícia, não havia mais espaço para dialogar. O carro de som foi apreendido por uma suposta "irregularidade na documentação".

Um dos policiais gritava para que as faixas ficassem atrás de seu orgulhoso bibelô: a viatura. Como sempre, estavam à cata dos "líderes" para conversar. Ficavam atônitos quando se deparavam com uma lógica diferente: a das decisões descentralizadas, horizontais e participativas. Diziam: "Como assim?! Tem de ter algum líder!".

O PM Galvão resolveu continuar um pouco mais de seu show particular, agora respaldado pelos colegas de farda. Partiu para cima de um dos manifestantes com uma máscara e ainda atingiu uma manifestante com golpes de cassetete que deixaram marcas em seus braços. Um grupo se juntou rapidamente a seu redor, impedindo-o de continuar a covardia. Outros PM's "mais calmos" contornaram a situação e tudo se estabilizou em seguida.

##Promessas que não devem calar os protestos##

A chegada da polícia não fez @s ativistas arredarem pé: o cônsul não poderia ignorar aquelas vozes. Corriam notícias de que os policiais destruíram uma das câmeras que filmou a agressão inicial de Galvão. Não surpreende, pois a eles interessa a versão que lhes melhor convém e, certamente, os manifestantes passarão como "vândalos" a destruir parte da sacro-santa
propriedade privada, ali representada pelo prédio 242 da Praia de Botafogo. O oficial Mendes, que se encarregou de negociar, dizia: "Eu cheguei aqui agora, não sei o que aconteceu antes. Vamos apurar". Será mesmo? Será mesmo que o PM agressivo receberá alguma advertência, alguma punição?

Por volta das 14h o oficial Mendes trouxe a proposta do cônsul: no máximo quatro representantes da manifestação subiriam para entregar a carta e conversar. Uma nova assembléia foi convocada, ali mesmo na calçada. Diante da situação, ficou claro que o cônsul não desceria mais. Portanto, quatro representantes foram escolhid@s democraticamente, entre el@s a manifestante que fora agredida pelo policial e trazia as marcas do cassetete nos braços. Perguntas ao cônsul foram esboçadas e câmeras levadas para registrar o encontro. Uma das metas era obter garantias de que a carta seria repassada ao Estado mexicano.

Os que ficaram na calçada esperavam o retorno do grupo. Enquanto isso, policiais à paisana (os famosos P2) tiravam fotos e filmavam manifestantes, alimentando o arquivo de informações para lidar com esses "perigosos elementos" no futuro. Evidenciava-se que também se travava uma batalha por imagens: no caso deles, fazendo as próprias e impedindo que registrassem
seus atos; no caso d@s ativistas, registrando provas de agressões e arbitrariedades.

Por volta das 15h30 descem @s quatro. Como resposta, trazem uma carta-padrão que os consulados/embaixadas do México vêm entregando aos que protestam contra a situação em Oaxaca. A mesma retórica: o governo mexicano está apenas "defendendo" a ordem e a segurança da população de Oaxaca contra um bando de "radicais"; as forças federais estão apenas zelando pelo que diz a Carta Magna. Em contrapartida, @s quatro que subiram trouxeram a assinatura do cônsul e a promessa de que a carta seria entregue ao governo.

Ainda restava o caso do carro, levado por PMs para o depósito em Manguinhos (buscariam alguma compen$ação?). Um dos militantes também foi levado, tentando provar que os documentos estavam regulares. Uma nova mobilização d@s (agora) pouc@s
que permaneciam no local: era preciso contactar um advogado que auxiliasse nessa questão, o que foi conseguido.

No final, fica claro que a entrega da carta não deve esgotar o assunto. Novas manifestações devem ser feitas enquanto a repressão continuar em Oaxaca. O recado "tod@s somos Oaxaca" deve permanecer ecoando enquanto companheir@s estiverem sendo vitimados. É o mínimo que podemos fazer... por enquanto.

Mais informações:

http://www.asambleapopulardeoaxaca.com/
http://www.midiaindependente.org/

Relato com um comentário que conta o "após-ato":

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/11/364130.shtml

Fotos do ato no Rio:

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/11/364132.shtml
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/11/364216.shtml

Fotos de outra luta mais próxima, por moradia:

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/11/364283.shtml

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