domingo, dezembro 10, 2006



1.

Mulheres, mulheres de papel...

"De Betty Boop a Druuna", texto de Álvaro de Moya, número 2 de Morbus Gravis, história de 85, lançada aqui em 96:

"Tudo começou na década de 30. Betty Boop surgiu nos quadrinhos e nos cinemas de animação. Resultado: censurada. Jane era uma tira diária nos jornais ingleses que fazia um strip tease por dia."

Madame Dragão, Barbarella, Jodelle...

Valentina, magnífica pin-up de Guido Crepax.

Sexo, drogas e rock com Crumb.

Carlos Zéfiro e os "catecismos" dos 50-60.

Álvaro de Moya cita muitos nomes.

Sexorama, Lucifera, Miss Eros...

Fala do grande Milo Manara.

Até que outro italiano, de Veneza, chamado Paolo Eleuteri Serpieri, cria Druuna.

"Druuna é Barbarella que comeu muito spaghetti...", diz Moya.

Não... ela é muito mais do que isso.





2.

Um mundo doente, um mundo lascivo.

Os que estão sofrendo da doença são jogados na cidade subterrânea.

Vi Druuna falar com a mutante hermafrodita que lhe começou a despertar a consciência.

A mutante conta que Shastar foi à Cidade Acima e descobriu "a verdade".

A mutante alerta: "Pense nos sacerdotes! Eles sabem da 'verdade' e fazem uso dela para ficar no poder! Nós precisamos saber...".

A ingênua e nua Druuna responde: "Mas só os sacerdotes conhecem os desígnios do mestre! Ele é a nossa única certeza! Foi o que aprendi!".

Mas a bela Druuna não é tão inocente: ela não diz que está escondendo Shastar. "Não posso confiar em ninguém! É perigoso demais!", pensa ela.







3.

Paolo Eleuteri Serpieri. Italiano de Veneza. Deu aula de anatomia no Liceu Artístico de Roma. Não à toa desenha corpos com tamanha habilidade. Com 20 e poucos começou a desenhar histórias de western. Faz uma "Histoire du far West en BD" para a editora francesa Larousse. Para a mesma editora desenharia, mais tarde, a Bíblia.

No início dos anos 80 lança uma história curta de ficção científica: "Forse", publicada na revista Orient Express.

"Sete páginas de um casal nu em idílico relacionamento, atacado por 'monstros', lembrando um conto genial de Frederic Brown: Sentinela.", segundo Álvaro de Moya na introdução do número I de "Morbus Gravis".

Em dezembro de 1985, lança o primeiro capítulo de "Morbus Gravis" na revista L'Eternauta. Uma figura feminina, "quase uma índia de dorso" (comenta Moya), rouba a cena: Druuna.





4.

Druuna... aaah, Druuna.

Na primeira vez que vi Druuna, ela ia ao centro médico, no setor médio, em busca de uma dose do remédio para Shastar.

Naquele mundo inóspito, habitado por mutantes disformes, seu corpo perfeito sobressaía como uma flor que brota do caos, como um sopro de vento no calor do inferno, como um hálito doce na boca podre do destino da humanidade.

Um mundo no qual sacerdotes fabricavam a versão oficial da história, decidiam quem sobreviveria, quem desceria aos esgotos do nível inferior e quem subiria à Cidade Acima.

Apenas observava o caminhar de Druuna, corajosa mulher, buscando mais uma dose para seu amado, trocando seu corpo pelo alívio fugaz da droga, o bastante para que Shastar pudesse se livrar de sua disforme aparência mutante para se deliciar em seus seios fartos, vulva voraz, nádegas sagradas...






5.

O dr. Ottonegger controla a emissão de doses.

Ele é apenas um tentáculo, uma expressão do poder maior.

Ele fornece as doses em troca do corpo macio de Druuna.

O velho e impotente Ottonegger acopla uma máquina do sexo, uma espécie de pau biônico, e manda brasa.

Sexo anal.

Druuna sente o drama... mas gosta.

Consegue oito doses para seu amor, Shastar.

...

Pé na Amélia!

Druuna que era a mulher de verdade.





6.

É no contato social que Druuna desperta do transe, toma consciência.

Na fila do centro médico, conversa com uma velha careca com cara de punk. A velha comenta que cada vez menos gente vem ao centro médico. A suave Druuna repete a versão oficial: "Claro! Os que não estão doentes são enviados imediatamente pro nível superior".

A velha punk retruca: "Você ainda acredita nesse papo furado? Lá não tem mais espaço! Todo mundo é mandado aos níveis inferiores... ao inferno... pra alimentar mutantes!".


7.

Na verdade, os o sacerdotes são robôs com cabeças humanas implantadas. Shastar, de volta a sua forma humana, revela isso a Druuna. Ele a leva à Cidade Acima.

No eleveador, Druuna tem de matar seu amor: o remédio já não faz mais efeito. Mutações o transformam num monstro perigoso. Druuna dispara um tiro no coração. Lágrimas rolam.

O Mestre estabelece contato telepático. Conta a ela que o computador chamado Delta, simbioticamente atrelado a ele, assumiu o controle da cidade, elaborando uma teoria religiosa para apagar vestígios da verdadeira história.

Para sobreviver, Delta retira energia de corpos selecionados, os não atingidos pela doença.

Druuna sofre o impacto da verdade: os mais saudáveis é que sobem à Cidade Acima para servir ao Delta. Ela poderia estar ali...

Ela vê o Mestre... na verdade, uma cabeça cheia de eletrodos, conservada num aquário.

Ele conta que Delta chegou à conclusão de que a matéria é má, e entrou num processo de autodestruição que levará toda a cidade.

Druuna argumenta que é possível fugir. Mas o mestre diz que não, e lhe mostra a verdade.

Da janela Druuna vê o universo...

A cidade é uma nave, na qual o que restou da espécie humana partiu em busca de um novo mundo, deixando para trás a Terra devastada.

Ao computador foi confiada a procura do caminho. O Mestre havia sido o primeiro comandante, mas Delta tomou seu lugar. E a mente cibernética foi contaminada por uma doença que transformou a nave, a cidade, num monstro vagando pelo infinito espaço.





8.

Mutantes apodrecidos querem a carne lisa de Druuna,

a carne que redime, que revigora, que dá vida aos moribundos.

Todos querem Druuna...

eu quero Druuna.

Mulher-heroína, mulher-vício.

Pele morena...

morena pequena morte.


[[[[{{{{Viagens e infos baseadas na parte 1 de "Morbus Gravis"}}}}]]]]

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6 Comments:

Blogger Carrie, a Estranha said...

Porra...até nos quadrinhos as heroínas parecem a daniele winitis ou a pamela anderson! Bombadas. Barbies pós modernas. Na boa, essa proporção entre peito, quadril e bunda q ela tem só pode existir mesmo na fantasia.

assim não dá. assim não pode.

q dureza

bj

9:47 AM  
Blogger Fernando Beserra said...

Belíssimo!
"Il ny a rien à comprendre... touche-moi... caresse-moi.. je veux faire l´amour.."
huauhauhauha.. o que pode-se dizer? vou imprimir esses desenhos pra ver se consigo faze-los e aprender algo da técnica =P

3:25 PM  
Blogger Luciana Gondim said...

E olha que comentei sobre amores de toda a vida e peidos na farofa antes de ler esse post. Magnífica sensibilidade.

6:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

a desproporção vale para o sexo oposto tb: como ter o bíceps do Conan???!!!

digamos que exista um Coeficiente Druuna...

de carne e osso, só as brasileiras chegam perto dele. rs...

o Serpieri, obviamente fazendo uma média, disse que Druuna só poderia ser brasileira.

mas merecem lugar no hall das pin-ups outras charmosas heroínas.

prometo posts para Olívia Palito, Rê Bordosa e Luluzinha!

quer dizer... Luluzinha não, porque eu posso ser acusado de pedofilia... rs

agora, a Rê Bordosa, dentro da banheira, joelinhos perebentos de fora, exalando aquele perfume Jack Daniels... pura sedução!

hahahahahaha...

####

imprima Druuna, desenhe Druuna, idolatre Druuna... he he he

carteirinhas de druunamaníacos já à venda... rs


####

"peidos na farofa" e "amores de toda a vida".... uma magnífica relação.

;-)


bjsbjsbjsbjsbjsbjsbjs...

6:13 AM  
Blogger chenmeinv0 said...

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