quinta-feira, junho 28, 2007



textículos, textículos, textículos...

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eu parei pra pensar aqui, diante dessa baía. parei pra pensar num fluxo louco de coisas que giravam em torno do meu umbigo. meu umbigo e nossos umbigos coletivos. mas aí esqueci de sentir a baía, naquela hora. de sentir o vento que trazia a vibração das favelas, que trazia as histórias daquelas ruas, pessoas, lutas cotidianas. tudo que vem procriando da mais absoluta ou relativa miséria. a autonomia pra sobreviver. mas de repente eu sentia outras coisas na baía. aqueles carros, aquela plataforma iluminada. a ponte que parecia uma grande veia, viva para hemácias coloridas... hemácias com faróis.


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Amor, amor... meu amor.

Onde posso pôr todo o meu desamor?

Onde posso escancarar o peito poético de angústia, desilusão e cinismo?

Onde posso dizer que não amo ninguém?

Onde posso compor um soneto sombrio em nome dos solitários?

Onde posso pendurar minha carcaça sedenta de escuro e frio?

Onde posso desfrutar o vazio da incompletude eterna?

Onde posso passar o resto dos meus dias dizendo...

Vai se foder, amor!

(jan.06)


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[[{{da bosta ao beat}}]]

“Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz... que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada... que apagaram cigarros acesos em seus braços protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco do Capitalismo... que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas trêmulas ao anoitecer... que guiaram atravessando o país durante setenta e duas horas... que se recolheram ao México para cultivar um vício ou às Montanhas Rochosas para o suave Buda...”

ele
lia os uivos de ginsberg
sentado no vaso

paralelamente aos versos
fazia força devagar
até que todo o cocô tivesse saído

até chegar ao ploft grand finale

virou-se calmamente
enrolou um pouco de papel higiênico na mão direita
lentamente levantou a bunda do vaso rachado-cinza-manchado
passou o papel no rabo
conferiu o resultado
amassou e jogou no cesto

trago num cigarro
sorriso
escarro
até que ouviu um grunhido dissonante

“porra, valdemar! eu não falei para desentupir a merda dessa pia hoje?! porra, valdemar!!”

mordendo forte a carne da ira que se deslizava sob sua carcaça
fechou vagarosamente seu volume de “uivo”
deu mais um trago no cigarro filtro amarelo
levantou do vaso
olhou a merda no fundo da água
pensou na merda de vida que tinha
e concluiu:
“devo ir da bosta ao beat”.

[[[[trecho sampleado: “Uivo”, de Allen Ginsberg}}}


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{{{relato do meliante que furtou a prancha do surfista prateado -- anexado ao B.O. do 5º distrito estelar}}}

o batimento cardíaco da minha existência acelerado
esperando beijar
a boca aberta de delírios lunares, noturnos
sugar o ópio doce dos seios suados das nebulosas púrpuras
sentir a energia ativa do átomo formador da primeira estrela
energia que sou eu
energia que sou deus
nas sarjetas das galáxias
cambaleando em meteoritos carnudos
zunindo em cima da prancha que roubei do surfista prateado
singrando o universo
vivendo, errando, amando.

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se eu quiser me multiplicar em vários serei livre.
mas se vários for, posso me perder num não ser, num lugar nenhum, num excesso de opções...
na deliciosa vertigem de nada ser.

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[[[Da série “Pequenas grandes dores”]]]

Fechou o zíper apressado.
Beliscou a ponta do caralho.
Ai, ui, ai.
Puta que pariu!

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sem
saco
para ser
nada além
de um ser
que coça
o
saco.

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{{{boa noite... z z z zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz z z...}}}

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4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

sid & nancy!

não li nada ainda, só vim comentar a imagem.

depois eu volto.

9:50 AM  
Blogger Carrie, a Estranha said...

Nossa. Nossa, nossa, nossa! Muito bom! Depois volto pra ler de novo.

falou

8:26 AM  
Anonymous Anônimo said...

sid e nancy... amor, amor...

elogios bem vindos.

voltem sempre!

não me deixem só!

hehehehehe...

abs

9:28 AM  
Blogger Unknown said...

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4:42 AM  

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