O Microsoft Word recusa a puta.
Pelo menos o meu aqui, no qual estou a escrever estas porcas linhas.
Escrevo a palavra "puta". Surge a cobrinha vermelha, indicando que há um erro ortográfico, ou que a palavra não existe, ou sei lá o quê.
Ok, ok...
Ele me recomenda "pauta".
Lembrei do bloco "filhos da pauta".
E, de certa forma, o jornalista é um filho da puta mesmo. Quando se encaixa feliz nos moldes desejados pelos donos de jornal, acaba sendo um filho da puta no sentido mais esculachado, um canalha, um péla-saco, a ser um arauto do neoliberalismo incensado pela revista Veja, pelo Globo, JB, Folha de São Paulo... Filhos da Santa Puta!
Quando leio uma matéria da Veja, vejo que a imprensa marrom fede a bosta... marrom. A imprensa corporativa, a grande mídia, os cabeças-de-lança da ideologia capitalista.... acho tudo muito nojento.
Como disse W.Benjamin:
"Dificilmente a história da informação pode ser escrita separando-a da história da corrupção da imprensa."
E quando o jornalista, o "filho da pauta", faz parte daquela minoria que não compactua com o consenso fabricado, ele é um "filho da puta" também, mas no sentido de um fodido, de um cara que tem de bater de frente num muraço de alienação e ainda ser taxado de ridículo, retrógrado.
E também é um "filho da puta", um ferrado, aquele cara que, para sobreviver, se esfola numa rotina de trabalho exaustiva nas redações, pressionado por um exército de reserva formado em faculdades fast food de comunicação. Se piscar, rua.
E o sindicato? Existe algum sindicato combativo de jornalistas?
A concetração de meios de comunicação e o porrete da ditadura sobre os jornais alternativos praticamente varreram aquela forte influência que os discursos de esquerda exerciam nas redações. O estereótipo jornalista liberal-reformista-burguês venceu de lavada.
Mas a questão é a "puta", a puta que o Word não quer.
Ele quer me convencer a colocar "pelota", "picota", "pilota", "poeta".
Mas uma puta pode ser poética. Um poeta pode ficar puto. Posso ler uma puta poesia.
Por que não aceitar a puta, as putas?
Estão aí, há muito tempo.
Como não há como separar a história da informação da história da corrupção na imprensa, não vejo jeito de separar a história da humanidade da história das putas.
A história não começa com a luta de classes... começa com a putaria.
Existo, logo penso. Se penso, penso em reproduzir o prazer em mim, que me fará reproduzir a espécie. Pá-pum -- naqueles tempos sem Aids. Pá-Prudence -- agora.
Por isso, eis que o Word, versão "cucarachas del tercero mundo", não admite uma puta em seu domínio. Herdou obedientemente o puritanismo babaca do White Anglo-Saxon Protestant. Herdou aquela cara de nerd-panaca do Bill Gates, aquela fuça de racista do G.W.Bush, aquela hipocrisia bem típica dos EUA.
Ok, ok... Deve, pelo menos, ter herdado a "sólida democracia" dos ianques. Deve, no mínimo, me deixar adicionar a palavra ao dicionário.
Vamos lá...
Putz! Não é possível!
Eis que ainda está lá a cobra vermelha. O Word não quer a puta em seu dicionariozinho puritano.
Lamentável.
###
Pelo menos o meu aqui, no qual estou a escrever estas porcas linhas.
Escrevo a palavra "puta". Surge a cobrinha vermelha, indicando que há um erro ortográfico, ou que a palavra não existe, ou sei lá o quê.
Ok, ok...
Ele me recomenda "pauta".
Lembrei do bloco "filhos da pauta".
E, de certa forma, o jornalista é um filho da puta mesmo. Quando se encaixa feliz nos moldes desejados pelos donos de jornal, acaba sendo um filho da puta no sentido mais esculachado, um canalha, um péla-saco, a ser um arauto do neoliberalismo incensado pela revista Veja, pelo Globo, JB, Folha de São Paulo... Filhos da Santa Puta!
Quando leio uma matéria da Veja, vejo que a imprensa marrom fede a bosta... marrom. A imprensa corporativa, a grande mídia, os cabeças-de-lança da ideologia capitalista.... acho tudo muito nojento.
Como disse W.Benjamin:
"Dificilmente a história da informação pode ser escrita separando-a da história da corrupção da imprensa."
E quando o jornalista, o "filho da pauta", faz parte daquela minoria que não compactua com o consenso fabricado, ele é um "filho da puta" também, mas no sentido de um fodido, de um cara que tem de bater de frente num muraço de alienação e ainda ser taxado de ridículo, retrógrado.
E também é um "filho da puta", um ferrado, aquele cara que, para sobreviver, se esfola numa rotina de trabalho exaustiva nas redações, pressionado por um exército de reserva formado em faculdades fast food de comunicação. Se piscar, rua.
E o sindicato? Existe algum sindicato combativo de jornalistas?
A concetração de meios de comunicação e o porrete da ditadura sobre os jornais alternativos praticamente varreram aquela forte influência que os discursos de esquerda exerciam nas redações. O estereótipo jornalista liberal-reformista-burguês venceu de lavada.
Mas a questão é a "puta", a puta que o Word não quer.
Ele quer me convencer a colocar "pelota", "picota", "pilota", "poeta".
Mas uma puta pode ser poética. Um poeta pode ficar puto. Posso ler uma puta poesia.
Por que não aceitar a puta, as putas?
Estão aí, há muito tempo.
Como não há como separar a história da informação da história da corrupção na imprensa, não vejo jeito de separar a história da humanidade da história das putas.
A história não começa com a luta de classes... começa com a putaria.
Existo, logo penso. Se penso, penso em reproduzir o prazer em mim, que me fará reproduzir a espécie. Pá-pum -- naqueles tempos sem Aids. Pá-Prudence -- agora.
Por isso, eis que o Word, versão "cucarachas del tercero mundo", não admite uma puta em seu domínio. Herdou obedientemente o puritanismo babaca do White Anglo-Saxon Protestant. Herdou aquela cara de nerd-panaca do Bill Gates, aquela fuça de racista do G.W.Bush, aquela hipocrisia bem típica dos EUA.
Ok, ok... Deve, pelo menos, ter herdado a "sólida democracia" dos ianques. Deve, no mínimo, me deixar adicionar a palavra ao dicionário.
Vamos lá...
Putz! Não é possível!
Eis que ainda está lá a cobra vermelha. O Word não quer a puta em seu dicionariozinho puritano.
Lamentável.
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Marcadores: falações
3 Comments:
Muito a calhar esse texto, sobre o enquadramento dos jornalistas. Eles têm mesmo que se enquadrar, e ontem eu debatia com meu cunhado que eles não têm espaço, voz nem vez, tão somente um número "X" de caracteres para brincar de quebra-cabeça, sudoku ou o que seja, colocar uma informação enquadrada, subordinada não meramente ao estético, quem dera. Subordinada ao estético, político e ao ideológico. O jornalista não é um filho da pauta, nem da puta, é só um miserável mesmo. Aliás, mais um!
Muito a calhar esse texto, sobre o enquadramento dos jornalistas. Eles têm mesmo que se enquadrar, e ontem eu debatia com meu cunhado que eles não têm espaço, voz nem vez, tão somente um número "X" de caracteres para brincar de quebra-cabeça, sudoku ou o que seja, colocar uma informação enquadrada, subordinada não meramente ao estético, quem dera. Subordinada ao estético, político e ao ideológico. O jornalista não é um filho da pauta, nem da puta, é só um miserável mesmo. Aliás, mais um!
é isso aí...
assino em baixo.
é uma "miserabilidade" que se estende a várias atividades enquadradas nessa lógica.
abs
jh
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